terça-feira, 11 de março de 2014

Million Dollar Baby - F. X. Toole



Confesso que parti para a leitura deste livro com alguma dose de masoquismo. Não gosto de boxe e o que aqui se trata é de seis contos sobre boxe. No entanto, já muitas vezes me surpreendi com livros que, à partida, também tinham tudo o que é preciso para não me agradar e, no entanto, revelaram-se boas surpresas. Não é este o caso e as minhas piores expetativas confirmaram-se: estes contos, principalmente o mais conhecido e que dá nome ao livro, narra acontecimentos que derivam de uma atividade física que, desculpem-me a sinceridade, envolve uma violência atroz.
Se levava um pré-conceito pouco abonatório para o livro tinha também alguma esperança que esta leitura me mostrasse algo de positivo neste desporto. Nem isso se verificou.
Trata-se de seis contos sem grande qualidade literária, escritos numa linguagem vulgar, que se leem sem esforço, é certo, mas sem qualquer primor literário.
O sangue e o sofrimento humano fazem parte da vida, mas quando eles derivam de uma atividade dita desportiva, tudo acontece como se esse sofrimento perdesse qualquer sentido. A história da protagonista do conto principal, que deu origem ao famoso filme do mesmo título, é uma história dramática, pungente, que desperta a compaixão do leitor e mesmo alguma revolta perante a injustiça humana. Mas continua a prevalecer aquela ideia de insensatez de tudo quanto levou ao desastre da personagem.
Mas, independentemente da minha dificuldade em compreender o espírito do boxe, devo reconhecer que se trata de uma obra que pode ser muito interessante para quem compreende aquilo que eu não consigo compreender. E admito que se trate de mera incapacidade minha.
Na imagem, Clint Eastwood e Hillary Swank, no filme de 2004 vencedor de 4 Óscares.

5 comentários:

Cristina Torrão disse...

Também não gosto de boxe, mas vi o filme. A única coisa positiva que achei nele foi a dedicação de alguém sem perspetivas na vida a um objetivo que acabou por alcançar. Mas depois, aquele horroroso acidente provocado... Enfim, são coisas que acontecem. Mas, a meu ver, o filme mudou de direção: dessa dedicação a um objetivo passou para a questão da eutanásia. Outro problema digno de discussão, mas não sou grande apologista nessas mudanças de direções em filmes e livros.

Jojo disse...

Olá Manuel,
não sabia bem o que se passava porque não recebia feed do teu blogue.
Mas depois de ler as publicações anteriores já percebi o que se passa.

Quanto a este livro nunca o li. Vi o filme e gostei porém, não o achei extraordinário como algumas pessoas.

Unknown disse...

Olá Cristina
a eutanásia está lá, no livro, e é inserida de forma pertinente. Mas o que me revolta é que uma atividade dita desportiva leve a situações dessas. Claro que acidentes acontecem em todas as situações e o sofrimento faz parte da vida. Mas um desporto que conduz diretamente ao sofrimento e à morte, a mim, repugna-me.
E repugna-me que se faça disso arte. Se tivesse visto o filme era pela admiração que tenho por esse grande senhor que é o Clint Eastwood. Mais nada.
Beijinho.
Jojo
esse problema do blogspot tem afetado muita gente, mas penso que neste momento está resolvido.
Quanto ao livro, só o li por masoquismo, ou pouco mais que isso.
Beijinho

nuno chaves disse...

Tenho por cá esse para ler, creio que saiu com a visão.
Não li, mas vi o filme, que vai um pouco mais para além do boxe, com temas pertinentes como a Eutanásia e a família por exemplo.
Gostei muito do filme principalmente por ter sido adaptado por Clint Eastwood. A Hilary Shwank é uma excelente actriz, e o óscar foi mais que merecido.
Por vezes os filmes conseguem ser melhores do que o livro, ou o conto (é raro mas acontece)

Unknown disse...

Sim, Nuno. O Nome da Rosa é um grande livro mas o filme do JJ Annaud não lhe fica atrás.
Também As Vinhas da Ira, na versão do John Ford, com H. Fonda, é um filme ao nível do livro.
Logicamente, não está lá tudo o que se passa nos respetivos livros; já aqui deduzo que aconteceu o contrário: trata-se de um conto, pelo que o argumentista terá tido maior liberdade criativa